sábado, 7 de novembro de 2009

AS VIAGENS…

Como eu disse os pés continuam inchados, os dedos ainda parecem gêmeos de tão unidos que eles estão… Ontem quando fui pegar o Guana para voltar para casa, na plataforma 13 da rodoviária, vi um senhor grisalho, pitando um cigarro. Pitando meessssssmo com um prazer ímpar. Ele colocava o cigarro na ponta dos lábios e puxava com força a fumaça, hoje para mim intragável, para os seus pulmões. As bochechas se contraíam tanto que enrugavam na pele marcada por uma adolescência de acne. Encostei-me no balcão azul da Guana e no auge da minha simpatia, lá estava eu tentando uma vaga no próximo ônibus. Engraçado como algumas pessoas querem apenas conversar com estranhos. Você nunca mais vai vê-los mas o importante mesmo é conversar. Eu reclamava que estava cansada, para sensibilizar os funcionários, até que um deles disse que eu seria a primeira caso houvesse alguma desistência. Os 4 funcinários então me enchovalharam de perguntas, de onde eu vinha, o que eu estava fazendo e eu respondendo a todas. Quando você é de alguma “área da saúde” tem sempre algum estranho querendo saber alguma coisa: “tenho um tio que tem um dor lombar”, “às vezes sinto que minha mãe está infeliz”, “a prima do meu tio avô está em estado terminal”… Bom o legal é que as pessoas querem se comunicar! Um dos funcionparios começou a contar para os colegas o caso de sua sobrinha que estava passando por uma adolescência terrível, desobediente, questionadora, bebia demais, sempre chegava em casa altas horas da manhã, já havia sido pega fumando maconha, fez três tatuagens no corpo em dois anos e blá blá blá. As pessoas sempre olham para os psicólogos em geral com uma certa desconfiança, há um mito que nós somos iguais a Jean Grey (do X-Man, que sua habilidade é ler mentes), que na verdade nós sabemos de tudo! Que graça teria se fôssemos assim? Não haveria prazer no próximo cliente. Enfim, retornando ao caso do funcionário da Guana, lembrei-me de um professor que me relembrou recentemente destas “consultas de balcão”, elas nunca dão em nada! Por mais que o funcionpario quisesse a resposta, coisas do tipo: “personalidade boderline intrusiva de esquiva" (acabei de invertar isso). Não seria justo com a tal moça, que eu mesmo não conheço e as impressões do funcionário-tio são apenas impressões baseadas em achismos de família. Todas as famílias possuem achismos, é igual ao falar mal, mas na verdade ainda são apenas achismos sobre pessoa “a” e pessoa “b”. Enfim, pedi para que ele procurasse um psicólogo, caso ela quisesse. Ele não gostou da resposta e fui lá com o meu discurso em nossa defesa. E o homem do cigarro rodeando ouvindo a conversa. Não sei se ele estava interessado mais no meu decote ou na conversa mesmo. Mundo masculino. Depois de convercer o funcionário-tio a procurar alguém, o ônibus não tinha mesmo vaga e como milagres acontecem todos os dias o meu ônibus chegara antes da hora prevista. Fui para a fila para colocar a bagagem nas gavetas e o homem grisalho retirando mais um hollywood da carteira. Para quem não sabe nada de cigarro, hollywood para quem fuma carlton é igual a pau-ronca, tem um odor desagradável mesmo. Mais baforadas no meu cabelo, o perfume lá por essas alturas já havia sindo consumido pelo cigarro. Como eu queria mesmo era entrar no ônibus com os meu pesinhos inchados e dormir horrores, furei a fila no lugar da criatura que não se opôs muito. As minhas bagagens foram pregadas com a a dele. Poderia ser o primeiro sinal. Subi, como sempre iniciei meu ritual de dormir: coloquei no note nas pernas, em cima dele a bolsa e fui abrindo meu “edredon quadriculado” breguérrimo que insisto em levar em todas as viagens. Quando eu estava “espremendo os olhos” entra no ônibus o sr. grisalho procurando a cadeira dele que como praga divina era do meu lado! Deus escreve certo por linhas tortas mesmo. Sem pedir com lincença, como se precisasse depois de eu ter furado a fila, ele sentou-se ao meu lado ocupando mais espaço do que devia. Por acaso comentei que ele era um pouco alto, porte médio? Enfim, ocupou-se de sentar e começar um ronco suave que foi abafado pelo som dos meus fones de ouvido. Dormi horrores! E o fone ligado… Acho que ele se incomodou com o som do fone de ouvido e quando eu acordei quase chegando em casa e já não estava mais sentado ao meu lado. Acho que me vinguei! Mesmo sem querer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário